A Educação do Cuidado

Breve resumo realizado pela Prof.ª Carolina Diniz (mas também pode ser entendido como uma tentativa de registro ou vontade de compartilhar!) do Encontro Geral de Pais do Colégio Maria Clara Machado do dia 27/03/2014.

Aprender a educação do cuidado é uma tarefa desafiadora. Passá-la adiante, muito mais. Saber cuidar de si, do outro, do mundo e da vida exige de nós a formação de uma consciência crítica aguçada que nos leva a quatro dimensões essenciais das quais muitas vezes não nos damos conta: a dimensão da interioridade (o cuidar de si), a dimensão da alteridade (cuidar do outro), a dimensão do relacionamento (cuidar do mundo) e a dimensão da transcendência (cuidar da vida).

Para desenvolver a educação do cuidado, o primeiro a ser feito é revolucionar nosso vocabulário: podemos, por exemplo, abolir de nossos dicionários pessoais a palavra “difícil” e substituí-la por “desafiador”. Dizer que temos uma tarefa “desafiadora” ilumina nosso cérebro e nos encoraja a buscar atitudes e soluções inovadoras, ao contrário da tão utilizada palavra “difícil” que parece nos apresentar uma barreira quase intransponível.

A utilização de um “vocabulário otimista” gera em nós uma mudança interior, faz-nos exteriorizar aquilo que temos de bom. “O que te faz melhor é buscar dentro de você o que você tem de melhor”. A busca interior, ou o conhecimento íntimo do nosso ser, exige de nós uma atitude ativa, um pensamento crítico em relação ao nosso papel como pais. Os pais como líderes de suas famílias têm sobre seus ombros muitas responsabilidades e, por isso, precisam se reenergizar, buscar concentração e força para exercer a tarefa do cuidado (de si, do outro, do mundo e da vida). Para que essa reenergização aconteça são necessários dois sentimentos básicos: orgulho e gratidão. Devemos sentir orgulho de nossa história, orgulho de nossa família e agradecer sempre.

Os pais devem assumir seu papel na educação de seus filhos e, por isso, torna-se tão necessária a parceria escola-família. Ambos, dentro de suas respectivas áreas, têm papel de mediadores. A mediação é um espaço de convivência e colaboração entre a escola e a família; é o espaço onde devem ser realizadas atividades que desencadeiam desafios, incentivos e novidades. A mediação é a ponte que une o saber atual (aquilo que se pode fazer sozinho) com o saber potencial (aquilo que se faz com o outro, a aprendizagem em processo), ajuda a construir a autonomia e, ao mesmo tempo, promove o social, ensina a convivência entre os pares.

No espaço da mediação são necessários: amor, carinho, contato físico, diálogo e elogio. As regras devem ser claras e os limites bem definidos. Saber dizer “não” no atual mundo de excessos em que vivemos é quase que uma corporificação do cuidado (do outro, especialmente!). A melhor forma de ensinar é o exemplo. E aqui podemos parar para pensar (i) quais são os valores que estamos deixando para nossos filhos?, (ii) quais são as críticas que eles querem fazer em relação a nós?, (iii) o temos que melhorar?

A educação do cuidado exige de nós exemplo e rotina – ferramentas essenciais na construção de pessoas melhores. A rotina na vida de nossos filhos desenvolve a autonomia, torna a criança (de qualquer idade) mais segura e proporciona sólida autoestima. O conhecimento prévio proporcionado pela rotina traz confiança e diminui a ansiedade. A definição, o cumprimento e a verificação das atividades diárias auxiliam na organização do tempo e, principalmente, em sua otimização. Entre tantos saberes exigidos de nossas crianças, devemos ensiná-las também a gestão do tempo. A rotina deve se transformar em hábito; é um processo lento, gradual e contínuo que exige de nós paciência e presença (fazer junto com o filho e não fazer para o filho). E entre tantos saberes exigidos de nós, pais e educadores, é preciso ter sempre em mente que nada se constrói sem disciplina, regras claras, organização e, especialmente, cuidado.

O que você achou?