Além de universal de todos os tempos e lugares, mãe é, sobretudo, pontuação.
É vírgula que separa as enumerações, evidencia os vocativos e respeita as identidades. E, guardando um certo mistério, ela se mostra como ponto e vírgula, que não é exatamente ponto nem vírgula, daí o charme.
É dois pontos que faz síntese do já feito, dito, demonstrado e também do vir a ser.
É acento agudo que ensina abrir-se aos sons da existência.
Muitas vezes, ela educa para a dureza da vida, arranja interditos e fecha as tonalidades permissivas com circunflexo…
Mas, como acento agudo ou circunflexo, ela dá o tom certo aos filhos serem oxítonos ou proparoxítonos, conforme seja ou deva ser a hora…
Outras vezes, faz concessões e não só permite, mas exige fusões, para ensinar a saber viver, tornando-se crase.
E, quando quer expressar na voz seu sentimento de falante aos filhos, ela se transforma em ponto de exclamação.
Na medida do possível, ela permite, como trema, a quem é estrangeiro, não ser chamado com má pronúncia.
De quando em vez, sua sabedoria a faz reticência, para não constranger e, quem sabe, deixar continuar como está para ver como é que fica…
Ela, ainda, costuma ser questionadora, para despertar o senso crítico nas pessoas, e se torna interrogação.
Por fim ela toma a forma de ponto parágrafo, para conferir terminalidade às coisas, mas nunca, ponto final, pois mãe não tem como acabar sua função de sempre continuar sendo mãe, eterna enquanto houver a humanidade!
Como universal e sinal de pontuação, mãe é amor: cuida, faz crescer e ser autônomo…
SALVE A MÃE DA ALDEIA QUE É TAMBÉM A MÃE DO MUNDO!
(Autor: Fernando Caramuru, Editor da BIS REVISTA, publicado pelo Sinep-MG)